Sessenta anos a viajar de eléctrico pelas ruas do Porto, “tinha 10, quando os meus pais vieram para cá viver, fui estudar para a escola EB 80, ali na zona da Barra, e já ia de eléctrico para as aulas”, conta o septuagenário enquanto aguarda pelo “1” – eléctrico que faz o trajecto desde o Infante à Cantareira.
Inaugurada em Março de 1872, pela companhia “Carril Americano do Porto”, a linha do Infante percorria junto do rio até à Foz (Castelo), utilizando um carro de tracção animal – puxado por cavalos – que pode ser visitado no Museu do Carro Eléctrico em Massarelos.
Em 1875, já constituída a Companhia Carris de Ferro do Porto (CCFP), surgiam as primeiras linhas de transporte urbano efectuando ligações permanentes dentro e fora da cidade.
Três anos mais tarde, alguns veículos passavam da tracção animal para a locomoção a vapor e quase 20 anos depois, em 1895, a tracção eléctrica era já uma realidade graças à estação de geração eléctrica da CCFP, montada na zona da Arrábida. Contudo a tracção animal e a vapor, perdurariam até inícios do séc. XX, sendo a locomoção destes veículos totalmente convertida, em meados de 1904 e 1914, respectivamente.
Em 1946 a Câmara Municipal do Porto (CMP) toma conta do sistema criando a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP), dois anos depois, surge a primeira linha de autocarros.
Os eléctricos nunca deixaram de funcionar, desde a vinda para o Porto, sofreram algumas interrupções mas temporárias, devido a obras nas ruas. Actualmente, as únicas linhas em funcionamento, as mais antigas (1 e 18) asseguram o serviço com uma frequência de 30 minutos, das 9h30 às 19h00, todos os dias. “Os moradores da zona ribeirinha são os clientes mais frequentes”, diz o guarda-freio da linha 1, “por esta altura temos também muitos turistas que ficam encantados especialmente com a paisagem”, acrescenta.
Para viajar nestes veículos centenários terá de ser portador do andante ou pagar a tarifa única de €1,35.
Fotos: Manuel Ribeiro
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