(...)"3. Mantêm-se e agravam-se os fenómenos de precariedade – sob várias formas, como os contratos a termo, os falsos recibos verdes ou a nomeação para funções de chefia em comissão de serviço – que atingem inúmeros jornalistas, condicionando a sua consciência e limitando a sua liberdade. Em muitas redacções, os jornalistas vivem sob o medo permanente de um despedimento arbitrário, sob o eufemismo de “convite para a rescisão amigável” do contrato de trabalho; sob a ameaça de serem os dispensados na “reestruturação” seguinte; sob o pânico de desagradarem à hierarquia, de serem destituídos de funções de chefia ou de verem congelados os seus salários. Nalgumas redacções, há quem tenha medo de ser eleito membro do Conselho de Redacção ou delegado sindical, e há até quem tenha medo de ser sindicalizado, temendo desagradar aos patrões e às hierarquias. Tal precariedade e tal condicionamento das consciências e da vontade comprometem a liberdade de imprensa sem que os cidadãos tomem verdadeira consciência desse facto e sem que os poderes democráticos intervenham.
4. O Governo continua a manifestar a mais completa indiferença à forma como todos os dias as empresas jornalísticas usam o trabalho dos estudantes, submetendo-os à exploração da sua expectativa de um lugar que na verdade quase nunca alcançam, triturando os seus sonhos na engrenagem da economia paralela e manipulando-os em processos de produção acrítica de informação. Estes jovens são usados muitas vezes como arma de arremesso contra os jornalistas que ainda ousam reclamar o exercício digno, responsável e livre da profissão, com a chantagem patronal do fácil recurso a esse exército de mão-de-obra prontamente disponível, dócil e até disposto a trabalhar graciosamente." (...)
Texto Integral: Sindicato dos Jornalistas