Em meados de Agosto, pouco depois de ter regressado do festival do sudoeste, tive um surto de febre - 39,5 ºC - e, como estava sozinho em casa, decidi ligar para a linha Saúde 24. A chamada foi atendida passados 23 minutos - meti o telemóvel em voz alta e fui fazendo outras coisas enquanto aguardava o atendimento - foi-me aconselhado a ficar em casa por um período de 48h, evitar o contacto com familiares e amigos, tomar Ben-u-ron 1mg e aguardar até que houvesse melhoria dos sintomas. Estava oficialmente "de quarentena em casa".
Informaram-me, igualmente, que iria ser contactado "24h depois pela linha de saúde pública" devido ao facto de ter estado no sw09 onde, segundo a enfermeira que me atendeu, "se registaram alguns casos de contágio".
No dia seguinte, os sintomas desapareceram - já não tinha febre nem dores musculares - e tal como me tinham assegurado, a linha de saúde pública entrou mesmo em contacto comigo para obterem uma actualização do meu estado - facto que me deixou positivamente surpreendido.
A família, os amigos e colegas ficaram extremamente preocupados com a situação mas afinal não havia razões para tal. Tive apenas uma febre alta, momentânea e pouco habitual na minha pessoa - estava muito calor naquele dia e, possivelmente, mal nutrido (digo eu).
A impressão que fiquei é que apesar da longa espera no contacto inicial, a linha Saúde 24 funciona mesmo. Mas este episódio aconteceu no pico do verão. Tudo está, aparentemente, calmo e ainda não chegamos ao que a OMS classifica de "época crítica".
A verdade é que não se fala noutra coisa quando estamos em grandes aglomerados. A história da gripe A serve até para emitir as típicas "piadas do trolha" com as devidas actualizações: "Ó boua queres um tamiflue pa esse cue?" (...)
Todo este episódio acabou por servir para uma espécie de teste, obtive uma maior percepção do estado de pânico que as pessoas se encontram, apesar de não o demonstrarem à primeira vista e tentarem, tal como eu, enfrentar a "coisa" com normalidade. Mas, de facto, estão assustadas. Especialmente quando têm a percepção que o H1N1 pode estar ali, mesmo ao lado delas. Quando reencontrei os meus amigos alguns deles evitaram o habitual cumprimento: "chega-te pa lá que tás com o H1N1", diziam num tom de brincadeira mas no fundo, detectava-se alguma preocupação num eventual contágio.
A Escola Superior de Tec. da Saúde do IPP optou por colocar nos corredores gel desinfectante e avisos para toda a comunidade de maneira a prevenir a propagação do H1N1. ©Manuel Ribeiro